jueves, 23 de mayo de 2019

"Grito negro", de José Craveirinha

José Craveirinha (1922-2002) es uno de los principales autores africanos de lengua portuguesa, un hombre mozambiqueño que participó activamente en el proceso de liberación de su país, autor de Chigubo, Karingana ua Karingana, Maria e Hamina e outros contos.

Uno de sus poemas más conocidos es "Grito negro", toda una denuncia contra las condiciones de vida en que vivían los mozambiqueños durante los años de colonización.
     Eu sou carvão!
E tu arrancas-me
brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
     Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente
como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da
minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da
maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.     


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